O crescimento da produtividade no mercado de trabalho brasileiro no período de 1995 a 2018 foi de apenas 1%, influenciado pelo setor de serviços, o que responde por 70% das horas trabalhadas e do emprego. Esse é o resultado de uma pesquisa promovida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), por meio de seu Observatório da Produtividade, em 2019.De acordo com o levantamento, somente por meio da elevação da produtividade do trabalhador se conseguirá aumentar a renda per capita, e gerar crescimento sustentável no país. Dos setores econômicos analisados em mais de 20 anos, apenas a agropecuária manteve a produtividade por hora trabalhada em alta.O mundo vive a chamada 4ª Revolução Industrial, uma evolução tecnológica que transformará a forma como a humanidade vive, trabalha e se relaciona. Esse movimento transforma absolutamente tudo o que a sociedade conhece, desde a forma como as comunidades interagem, se locomovem, o que consomem e até a maneira como trabalham. Essa “quarta” mudança é uma tendência à automatização total das fábricas; uma combinação de máquinas com processos digitais, capazes de tomar decisões descentralizadas, cooperar e apontar caminhos para resultados mais assertivos.Um dos ativos dessas mudanças, estão os recursos de Inteligência Artificial (IA), que podem levar as companhias a repensarem suas iniciativas e reinventarem processos. Isso para garantir índices máximos de produtividade e competitividade.
Mas as empresas estão preparadas para medir o impacto real dessas inovações?
As empresas nunca estiveram tão pressionadas como nos últimos anos (seja por resultados e operações que gerem produtividade real) ou por conseguirem colocar em prática mudanças expressivas rapidamente e que tragam resultados rápidos. No entanto, nem todas conseguem ser ágeis o suficiente para trazer as transformações organizacionais de forma concreta e rápida e muitos Departamentos de Recursos Humanos ainda focam nos processos burocráticos e administrativos, tendo ainda dificuldades para se tornarem estratégicos.Os sistemas de Inteligência Artificial (IA) já existem há décadas, mas foi na última que começaram a trazer mudanças mais profundas para a gestão dos negócios. Os recursos disponibilizados pelo uso da IA permitem às companhias, entre outras coisas, processar grandes volumes de informação para tomar decisões mais rápidas e objetivas, gerando redução de custos e trazendo melhorias significativas de desempenho nas operações.Segundo a IDC (International Data Corporation), consultoria especializada em inteligência de mercado, a Inteligência Artificial é apontada como uma das principais tecnologias para 2021, podendo gerar investimentos de US$ 464 milhões (aproximadamente R$ 2,4 bilhões) para o Brasil neste ano. A pesquisa revelou ainda que 25% das empresas do Brasil têm projetos baseados em IA ou Machine Learning, em estágio de adaptação ou implementação.Já um relatório do Mckinsey Global Institute calcula que, até 2030, as empresas que conseguirem aplicar IA às suas operações dobrarão seu fluxo de caixa, enquanto as retardatárias terão baixa de 20% nessa mesma métrica.
De que maneira os gestores de Recursos Humanos podem se preparar para trazer mudanças que tragam ganhos significativos para seus Departamentos?
O impacto da Covid-19 no mercado de trabalho também causou mudanças profundas nas preocupações, desafios e prioridades para trabalhadores e candidatos a emprego em todo o mundo.Nesse cenário, a área de Recursos Humanos deve assumir um papel proativo e chamar responsabilidades estratégicas para si, contribuindo ativamente para o crescimento das empresas. Os Recursos Humanos devem aproveitar as ferramentas tecnológicas que, agilizam, eliminam e automatizam tarefas administrativas repetitivas, liberando o tempo de seus colaboradores para tarefas mais estratégicas.A Inteligência Artificial é a ferramenta ideal para mudar o cenário “analógico”, pois ela tende a reduzir as decisões baseadas em conceitos subjetivos e ampliar a diversidade nas companhias por meio de um processo que analisa características baseadas em soft, hard skills, ou seja, nas qualificações e não em informações que podem ocasionar um efeito discriminatório como idade, gênero e opção sexual. Em processos seletivos, por exemplo, além de mitigar o chamado viés discriminatório - estereótipos, preconceitos, ou associações feitas em vivências que impactam negativamente grupos minoritários ou minorizados- a produtividade trazida pela IA garante que todo currículo recebido seja avaliado. Não existe o risco do “candidato perfeito” para a vaga não ser selecionado, justamente porque o RH não conseguiu avaliar todos os CVs a tempo. Para cada tipo de negócio é necessário desenvolver algoritmos específicos, propriamente, treinar modelos matemáticos que possam aprender com o passado e recomendar com muita segurança futuras ações. Ao utilizarem a tecnologia é possível detectar, por meio de algoritmos, os candidatos mais qualificados em larga escala ainda na fase pré-admissional e selecionar aqueles com maior potencial de produtividade para as vagas abertas. Essa mesma tecnologia pode ser aplicada em outros processos do RH que se dão ao longo do ciclo de vida do funcionário na empresa, garantindo que as decisões sejam tomadas baseadas em dados, e não opiniões subjetivas.Com a geração de resultados mais confiáveis, as consequências são tomadas de decisões mais precisas. A IA fornece orientações e sugestões para que os líderes tenham embasamento em suas escolhas, aperfeiçoando o processo decisório em relação aos recursos econômicos do Departamento e, por consequência, das companhias. Há um imenso ganho de tempo e consequentemente financeiro. Um exemplo: A NVIDIA Enterprise produziu o estudo “Estado da IA nos Serviços Financeiros” (“The State of AI in Financial Services”) focando nos principais benefícios e desafios tecnológicos do mercado financeiro atualmente. Mais da metade dos executivos participantes responderam que a tecnologia aumentará em 10% a receita anual da empresa e 34% afirmaram que o crescimento da receita será de mais de 20%. Ainda assim, é importante salientar que a tecnologia não substitui um especialista humano para interpretar suas variáveis e para lapidar relacionamentos e resultados em torno dela.As empresas precisam desenvolver uma estratégia de produtividade que inclua a transformação digital de seu modelo de negócios. Toda mudança que deve ser feita, o avanço para a digitalização, faz parte de uma estratégia de transformação digital mais ampla. Quem não fizer essa aposta agora, será retardatário.
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