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Mulheres e o mercado de trabalho: impactos da pandemia

23 de ago. de 2021

23 de ago. de 2021

Mulheres e o mercado de trabalho: impactos da pandemia

Entre 2019 e 2020, o Brasil registrou uma queda de 10% no número de mulheres empregadas. Em termos absolutos, isso significa uma queda de 4,2 milhões de mulheres ocupadas.

Entre 2019 e 2020, o Brasil registrou uma queda de 10% no número de mulheres empregadas. Em termos absolutos, isso significa uma queda de 4,2 milhões de mulheres ocupadas.

A pandemia da Covid-19 causou uma regressão nas conquistas das mulheres.O número de trabalhadoras que deixaram de exercer atividades remuneradas, por conta da pandemia, é bem maior do que o de homens. O problema é que muitas delas não conseguirão voltar ao trabalho quando a situação sanitária melhorar.Segundo os dados mais recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de mulheres que estavam trabalhando no Brasil ficou em 45,8% no terceiro trimestre de 2020. O nível mais baixo desde 1990, quando a taxa ficou em 44,2%. A desigualdade de gênero no Brasil precede a pandemia da Covid-19 e o problema dela é estrutural. Veja que até a década de 60, as mulheres casadas precisavam da autorização legal do marido para participar do mercado de trabalho.Todas as dificuldades que o Brasil já tinha para alcançar a equidade de gênero no mercado de trabalho foram expostas e aprofundadas pela pandemia. Mesmo sendo um problema histórico, a situação das mulheres no mercado de trabalho piorou especialmente ao longo de 2020.Entre 2019 e 2020, o Brasil registrou uma queda de 10% no número de mulheres empregadas. Em termos absolutos, isso significa uma queda de 4,2 milhões de mulheres ocupadas. No mesmo período, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a queda na quantidade de homens ocupados foi de 7,9%. Ou seja, embora o cenário seja adverso para todos, é possível notar que o impacto foi relativamente maior entre mulheres. A Pnad Contínua mostrou que 7 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho na segunda quinzena de março de 2020, logo no começo da pandemia, ante 5 milhões de homens. Outro ponto importante: a crise sanitária causa o crescimento do número de pessoas que deixam a atividade por doença ou por outros motivos, e não retornam imediatamente ao mercado de trabalho. Dentre essas pessoas, as mais atingidas são as mulheres, sobretudo as mães solos.Um dos fatores que explicam o fato de as mulheres estarem em casa e sem procurar emprego é o fechamento de creches e escolas, sobrecarregando o trabalho doméstico que, por uma questão social, acaba ficando sob responsabilidade maior delas. De acordo com Ipea, entre as mulheres com filhos de até dez anos, a parcela que estava trabalhando caiu 7,8 pontos percentuais, de 58,2% para 50,4%, do terceiro trimestre de 2019 para o terceiro trimestre de 2020 (acima da redução de 7,5 pontos percentuais da média geral das mulheres). Já uma pesquisa do IBGE aponta que residências com crianças de até três anos de idade têm menor nível de ocupação de mulheres.À medida que a pandemia melhore, com o avanço da vacinação, ocorrerá um reaquecimento da economia, e essas mulheres irão necessitar se reinserir no mercado de trabalho.

Quais as iniciativas que as empresas podem tomar para reverter esse quadro?

Muitas empresas precisam sair do discurso e partir para a ação quando o assunto é igualdade de gênero no mercado de trabalho. Uma atitude que ajuda no equilíbrio é promover o trabalho remoto. A modalidade ganhou força na pandemia e precisa ser revisada para de fato ajudar na igualdade de gênero.A diversidade, principalmente de gênero, impulsiona diretamente o resultado de um negócio, segundo uma pesquisa realizada em 2018 pela DDI, empresa de análise e pesquisa, e a consultoria Ernst & Young (EY). O estudo, que fez um panorama da liderança global em vários aspectos (diversidade, transformação digital, propósito, cultura, entre outros) analisou dados de 2,4 mil empresas de 54 países.Os resultados mostraram que as mulheres representam menos de um terço dos papéis de liderança (29%) - a maioria deles em posições mais júnior. Mesmo com a disparidade, a diversidade impacta quando existe. Segundo o estudo, as empresas que tiveram 30% de diversidade de gênero – e mais de 20% no nível sênior – apresentaram melhores resultados financeiros na comparação com as demais. Onde há diversidade significativa, é 1,4 maior a chance de crescimento sustentado e lucrativo.Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com 247 mil mulheres, aponta que 24 meses depois de tirar licença maternidade, metade delas saíram do mercado de trabalho, principalmente por iniciativa do empregador.Muitos talentos são eliminados em processos seletivos por conta de preconceito e viés inconsciente. E veja só: As mulheres brasileiras têm mais anos de estudo, são a maior parte dos formados no Brasil e são chefes de 40% das famílias.

A tecnologia pode ser uma grande aliada para tornar o ambiente de trabalho mais inclusivo

A Inteligência Artificial (IA) pode ser aliada para colaborar no aumento da diversidade no ambiente corporativo. A tecnologia serve para neutralizar fases sensíveis dos processos de contratação, reduzindo vieses envolvidos. É necessário priorizar o uso da Inteligência Artificial a fim de desmistificar o modelo de profissional que faz a diferença para o negócio. A IA tem a real capacidade de aprendizado de evitar a discriminação.O uso desta tecnologia contribui para que as seleções sejam mais justas, e baseadas nas reais qualificações de cada candidato. Além de eliminar o chamado viés inconsciente – estereótipos, preconceitos, associações – a produtividade trazida pela IA garante que todo currículo recebido seja avaliado, independentemente do gênero de quem participa do processo seletivo.